domingo, 10 de maio de 2009

O outro

Pelo que andam dizendo por aí, em livros, artigos, bares e balcões de Lan Houses, a substituição da Web 1.0 pela Web 2.0 alterou a forma como os usuários de internet se relacionam com o mundo quando sentam na cadeira e pressionam o botão de “ON” da CPU.

Um teclado, um mouse e uma boa dose de paciência garantem entrada em um mundo até o século passado inexplorado pelos indicadores e anelares alheios: a vida nas comunidades virtuais, uma realidade marcada pela interconectividade e interatividade entre os usuários e no conteúdo que chega à grande rede.

Até o colapso da bolha das empresas ponto-com, em 2001, a chamada Web 1.0 reservava ao usuário uma posição passiva perante a internet, de consumidor, sem qualquer participação no conteúdo que era produzido. A troca de informações se resumia aos e-mails e “instant messengers”.

Este primeiro momento, em que não era incomum “web designers” enfeitarem as capas da “Time”, beneficiou principalmente as redes de negócio. Com a instalação de computadores nas empresas, poupava-se tempo, papel, telefone e aumentava-se o fluxo de informações.

A falência deste modelo foi seguida pelo brainstorm criativo de Tim O’Reily, que forneceria as bases para a Web 2.0. A mudança de paradigma incorreu em uma plataforma em que o usuário controla a informação.

Aparentemente, a Web 2.0 incorpora recursos tecnológicos que já estariam disponíveis anteriormente, como sugere Tim Berners-Lee, o criador da primeira geração da World Wide Web. Esta linha de pensamento permite concluir que a criação do termo Web 2.0 foi uma forma inteligente de devolver credibilidade a um modelo (literalmente) falido e desacreditado da grande rede.

Mais do que isso, entretanto, a Web 2.0 abriu a fechadura para um modelo que oferece novas formas de interação pessoal e comercial, em que os consumidores de informação sejam também os produtores dela. Em vez de consultar os pesados volumes de uma coleção da enciclopédia Britannica, por exemplo, pode-se, com alguns cliques, acessar a Wikipedia para obter a mesma informação. Ou, ao invés de ligar para a Blockbuster mais próxima, em busca do último filme do Sylvester Stallone, umas poucas horas de conexão no BitTorrent, garantem o mesmo efeito. Ainda que em uma tela menor, como é na maioria dos casos.

A Web 2.0 é a mãe dos usuários participativos. Mas, como escreveu o blogueiro Robson da Silva Espig, tais mudanças só foram possíveis em um ambiente propício para esta evolução: a democratização do acesso à rede para mais de um bilhão de usuários em todo o mundo, a velocidade da banda larga e a convergência das mídias.

Participação é a palavra de ordem. O que, no mundo animal, implica no envolvimento com “o outro”. Quem (ou o que) quer que ele seja.